Simplificação, Estímulo Econômico e Equidade Fiscal

Reforma Tributária em 2024

Por | 02/01/2024 | 6 Minutos de leitura

O ano de 2024 traz consigo grandes expectativas e mudanças significativas no cenário tributário brasileiro. Após décadas de debates, a tão aguardada Reforma Tributária, representada pela Emenda Constitucional nº 132, promete simplificar o sistema tributário, aliviar a carga fiscal e promover uma reestruturação profunda nos impostos sobre o consumo.

 

O Que é a Reforma Tributária?

A proposta visa simplificar o sistema tributário brasileiro, unificando cinco impostos em três novos: IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e IS (Imposto Seletivo). A modernização e simplificação do sistema prometem impulsionar a economia nacional, eliminando a complexidade tributária atual.

  • IBS e CBS: Unificação do ICMS, ISS, PIS e Cofins, resultando no IBS e CBS, simplificando a tributação federal.
  • IS (Imposto Seletivo): Substituirá o IPI e incidirá sobre produtos prejudiciais à saúde e meio ambiente.

Um ponto relevante é a introdução do IS, focado em produtos nocivos, marcando uma mudança na tributação brasileira. Previsto para vigorar a partir da publicação da emenda, coexistirá com o IPI até 2033.

Reforma Tributária e Seus Impactos

 

O Caminho Até a Reforma

Após a conclusão da votação em segundo turno da Reforma Tributária – PEC 45/2019, a Câmara dos Deputados finalmente aprovou a proposta no dia 15 de dezembro do mesmo ano. A necessidade de simplificar os impostos sobre o consumo e criar fundos para desenvolvimento regional impulsionou a aprovação desta reforma histórica.

 

Mudanças Cruciais na Proposta

A proposta inicialmente apresentada pelo deputado Baleia Rossi passou por transformações substanciais durante sua análise no Senado, sob a condução do relator Eduardo Braga. Algumas das modificações mais destacadas englobam:

  • Trava para a carga tributária: A reforma estabelece uma trava definindo um teto de 33% do Produto Interno Bruto (PIB) para a arrecadação de impostos sobre o consumo. Essa medida busca assegurar um controle rigoroso sobre a carga tributária, proporcionando estabilidade econômica.
  • Ampliação do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR): Orçamento ampliado em R$ 20 bilhões, visando promover o desenvolvimento regional. Essa medida tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento em áreas regionais, visando reduzir disparidades socioeconômicas.
  • Revisão de regimes especiais a cada cinco anos: Previsão para a revisão periódica de regimes especiais de tributação. Esse mecanismo proporcionará uma adaptação contínua e aprimoramento dos regimes tributários especiais, promovendo uma gestão mais eficiente e alinhada às demandas do cenário econômico.

 

Cronograma de Implementação

Apesar da aprovação, os efeitos da Reforma Tributária não serão imediatos. A implementação será gradual, iniciando em 2026 com a unificação dos impostos federais. Destacam-se alguns marcos importantes no cronograma:

  • 2026: Unificação dos impostos federais com alíquota única de teste.
  • 2027: Implementação da CBS – Contribuição Social sobre Bens e Serviços.
  • 2028: Último ano de vigência dos impostos municipais e estaduais.
  • 2029: Início da extinção do ICMS e ISS.
  • 2033: Implementação total do IBS – Imposto sobre Bens e Serviços.

 

 

Imposto Seletivo

Uma das inovações mais notáveis trazidas pela Reforma Tributária é a introdução do Imposto Seletivo (IS). Esse imposto tem como propósito aplicar uma carga tributária sobre produtos considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Enquanto o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) está programado para ser abolido até 2033, o Imposto Seletivo entrará em vigor na data de publicação da emenda constitucional. Nesse período de coexistência, ambos os impostos funcionarão simultaneamente, proporcionando uma transição gradual para a nova estrutura tributária.

 

Benefícios para Diversos Setores

A Reforma Tributária traz uma série de benefícios significativos para diversos setores da economia. Destacamos alguns dos principais:

  • Alíquota única: Está prevista uma redução expressiva, de até 50%, nas alíquotas para diferentes setores, como saúde, educação, transporte público, produtos agropecuários, alimentos e produções artísticas. Essa medida visa incentivar o crescimento e a competitividade desses segmentos, promovendo um ambiente mais favorável aos negócios.

  • Desoneração da folha: A desoneração da folha de pagamento será mantida para 17 setores até dezembro de 2027. Essa continuidade é fundamental para reduzir os encargos trabalhistas, estimular a contratação e fortalecer a economia, beneficiando tanto as empresas quanto os trabalhadores.

  • Cashback: A introdução do cashback representa uma iniciativa inovadora visando à devolução de tributos para pessoas físicas. Essa estratégia tem como objetivo mitigar as desigualdades de renda, contribuindo para uma distribuição mais equitativa dos recursos e promovendo maior justiça fiscal.

 

 

Fundos para Desenvolvimento e Compensação

Além dos benefícios diretos aos setores específicos, a Reforma Tributária propõe a criação de fundos com objetivos claros:

  • Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional: Esse fundo, com aporte de recursos da União, tem como finalidade reduzir as desigualdades regionais e sociais. Ao investir em regiões menos desenvolvidas, busca-se promover um desenvolvimento mais equilibrado em todo o país.

  • Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais: Destinado a compensar benefícios concedidos a empresas e cujo funcionamento se estende de 2025 a 2032, esse fundo receberá repasses anuais da União. Com um montante inicial de R$ 8 bilhões e atingindo um pico de R$ 32 bilhões por exercício, desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio fiscal após a implementação da reforma.

Esses fundos não apenas buscam garantir a sustentabilidade econômica, mas também evidenciam o compromisso da Reforma Tributária em enfrentar disparidades e promover um ambiente mais justo e equitativo para o desenvolvimento do país.

 

Com a Reforma Tributária em vigor, o Brasil espera não apenas uma simplificação nos processos fiscais, mas também um estímulo à economia, redução da complexidade tributária e uma distribuição mais equitativa da carga fiscal. O futuro promete uma transição significativa no cenário tributário, e as empresas precisam estar preparadas para se adaptar a essas mudanças.

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