IVA na Reforma Tributária Brasileira

Como Funcionará?

Por | 04/03/2024 | 8 Minutos de leitura

 

Se há um tema que desperta a atenção e gera inúmeras discussões no Brasil é a questão tributária. Nesse cenário, a Reforma Tributária surge como uma tentativa de simplificar e modernizar o sistema de impostos do país. Um dos pilares dessa reforma é a introdução do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), um tributo que tem ganhado destaque nos debates econômicos. Mas afinal, o que é o IVA e como ele funcionará no Brasil? Vamos explorar essas questões mais profundamente.

 

A Reforma Tributária recentemente promulgada representa uma mudança significativa no sistema de tributação do Brasil, sendo a primeira reforma abrangente desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Seu principal objetivo é simplificar a cobrança de impostos sobre o consumo, com vistas a estimular o crescimento econômico e promover uma distribuição mais equitativa da carga tributária.

A Emenda Constitucional 132, resultante da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, estabelece a unificação de cinco tributos sobre o consumo: ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins. Esses tributos serão consolidados em uma única cobrança, dividida entre o âmbito federal (CBS: Contribuição sobre Bens e Serviços) e o âmbito estadual/municipal (IBS: Imposto sobre Bens e Serviços). Essa unificação está programada para entrar em vigor gradualmente a partir de 2033.

Adicionalmente, a reforma institui o Imposto Seletivo, destinado a incidir sobre produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, com o intuito de desencorajar o consumo desses itens. Esse imposto substituirá a função do IPI em relação a produtos nocivos à saúde, como o tabaco.

O processo de transição para o novo sistema tributário será progressivo, com várias etapas ao longo dos próximos anos. Por exemplo, está previsto para 2027 o início da cobrança da CBS, enquanto o IBS será implementado de forma gradual até 2033, coexistindo inicialmente com o ICMS e o ISS.

Para mitigar os impactos nos estados decorrentes da redução dos benefícios fiscais concedidos, será estabelecido o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais, que receberá aportes da União até o final de 2032. Além disso, a reforma prevê a partilha dos valores arrecadados do IBS entre estados, municípios e Distrito Federal, de forma a manter a receita média de cada ente federativo proporcional.

A reforma não se limita apenas aos impostos sobre o consumo. Ela também promove modificações em regras relacionadas ao Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos (IPVA). Tais alterações têm como propósito modernizar e simplificar a cobrança desses tributos, buscando uma maior eficiência e transparência no sistema tributário nacional.


 

O que é o IVA e sua relação com a Reforma Tributária?

O Imposto sobre Valor Agregado, ou IVA, é um tributo que incide sobre o valor adicionado em cada etapa da cadeia produtiva de bens e serviços. Em outras palavras, ele é aplicado apenas sobre o valor que é adicionado ao produto ou serviço em cada etapa, evitando a cumulatividade de impostos. A ideia por trás do IVA é simplificar o sistema tributário, tornando-o mais eficiente e transparente.

A Reforma Tributária propõe a implementação do IVA como parte de um esforço mais amplo para reorganizar o sistema de impostos no Brasil. A ideia é unificar diversos impostos em um único tributo sobre o valor agregado, eliminando a complexidade e as distorções do sistema tributário atual.

 

Como funcionará o IVA no Brasil?

O IVA no Brasil terá uma forma dual, o que significa que serão criados dois tributos para substituir e unificar um grupo de impostos. O primeiro é a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituirá três impostos federais: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O segundo é o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS), de competência estadual e municipal, respectivamente.

Essa dualidade do IVA visa simplificar a gestão tributária das empresas, tornando as alíquotas mais uniformes e evitando conflitos entre os diferentes entes federativos. Além disso, o IVA eliminará a cumulatividade de impostos, promovendo uma maior justiça fiscal e competitividade para as empresas.

 

Qual será a alíquota do IVA no Brasil?

Até o momento, a alíquota do IVA no Brasil ainda não foi definida de forma definitiva. No entanto, estima-se que a alíquota geral ficará entre 25,9% e 27,5%, com possibilidade de redução para setores específicos, como saúde, educação e alimentos da cesta básica. Essa alíquota será fixada por meio de projeto de lei complementar, levando em consideração diversos fatores, como a necessidade de redução da carga tributária e a competitividade das empresas.

 

Quais os impactos do IVA nas empresas?

A implementação do IVA terá diversos impactos nas empresas brasileiras. Em primeiro lugar, espera-se que o IVA simplifique a gestão tributária, reduzindo a burocracia e os custos relacionados ao cumprimento das obrigações fiscais. Além disso, o IVA eliminará a cumulatividade de impostos, o que reduzirá a carga tributária sobre as empresas e aumentará sua competitividade no mercado.

Outro impacto importante do IVA será a maior transparência e previsibilidade no sistema tributário, o que facilitará o planejamento e investimento das empresas. Com uma tributação mais clara e uniforme, as empresas poderão tomar decisões estratégicas de forma mais eficiente, contribuindo para o crescimento econômico do país.

 

O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) é uma peça fundamental da Reforma Tributária no Brasil, que busca simplificar e modernizar o sistema de impostos do país. A implementação do IVA terá diversos benefícios para as empresas brasileiras, incluindo a simplificação da gestão tributária, a redução da carga tributária e o aumento da competitividade no mercado. No entanto, é importante que essa reforma seja implementada de forma cuidadosa e gradual, levando em consideração as especificidades da economia brasileira e os interesses de todos os envolvidos.

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