O pró-labore é um termo que frequentemente aparece nas discussões sobre gestão empresarial. Para os empreendedores, MEIs, pequenas e médias empresas, entender o pró-labore é essencial, já que se trata da remuneração dos sócios ou administradores que atuam diretamente na empresa. Neste post, vamos explorar em detalhes o que é pró-labore, sua importância e como calculá-lo de forma correta.
O que é Pró-labore e qual seu Objetivo?
O pró-labore, cuja origem vem do latim "pelo trabalho", é a forma de remuneração dos sócios, diretores ou administradores de uma empresa pelo trabalho e dedicação dedicados à organização. É semelhante ao salário de um administrador contratado para desempenhar as mesmas funções, destacando a natureza de trabalho envolvida na sua concessão.
O objetivo essencial do pró-labore é assegurar uma remuneração justa aos sócios ou administradores que desempenham funções cruciais para o funcionamento e crescimento contínuo da empresa. Essas funções podem incluir atividades estratégicas de gestão, tomada de decisões, representação da empresa perante clientes e parceiros, entre outras responsabilidades que contribuem diretamente para o progresso da organização.
É importante ressaltar que o pró-labore não deve ser confundido com os dividendos, os quais representam a distribuição dos lucros da empresa entre os acionistas, constituindo uma forma de participação nos ganhos sem estar vinculada ao trabalho direto na empresa. Essa distinção é crucial para entender a natureza específica do pró-labore e seu papel na estrutura de remuneração e gestão empresarial.
Pró-labore vs. Dividendos vs. Salário
Pró-labore, Dividendos e Salário são três formas distintas de remuneração dentro de uma empresa, cada uma com suas características e finalidades específicas.
Pró-labore é a remuneração direcionada aos sócios, diretores ou administradores que desempenham atividades na empresa, sendo equivalente ao salário de um profissional contratado para as mesmas funções. Essa remuneração é tributada na fonte pelo Imposto de Renda (IR) e pelas contribuições previdenciárias (INSS) e é paga mensalmente, conforme acordado entre os sócios.
Dividendos, por sua vez, são a distribuição dos lucros da empresa entre os acionistas, representando a participação nos ganhos sem estar diretamente ligada ao trabalho na empresa. Os dividendos são isentos de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para a pessoa física e são pagos periodicamente, seguindo a política de distribuição de lucros da empresa.
Salário, por fim, é a remuneração dos empregados da empresa pelo trabalho prestado, sendo tributado na fonte pelo IR e INSS. É pago mensalmente de acordo com o contrato de trabalho estabelecido entre o empregado e a empresa.
Essas diferenças podem ser melhor visualizadas na tabela comparativa a seguir:
Aspecto |
Pró-labore |
Dividendos |
Salário |
Definição |
Remuneração pelo trabalho de sócios ou administradores |
Participação nos lucros da empresa para acionistas |
Remuneração de empregados pela prestação de serviço |
Natureza |
Renda do trabalho |
Participação nos lucros da empresa |
Renda do trabalho |
Tributação |
Tributado na fonte pelo IR e INSS |
Isento de IRPF para pessoa física |
Tributado na fonte pelo IR e INSS |
Relação de Trabalho |
Sócios/administradores e empresa |
Acionistas e empresa |
Empregado e empresa |
Pagamento |
Mensal, conforme acordo entre os sócios |
Periodicamente, conforme política da empresa |
Mensal, de acordo com o contrato de trabalho |
Pró-labore é Obrigatório?
Sim, é fundamental entender que o pró-labore é uma obrigação para os sócios administradores que desempenham atividades na empresa. Esse aspecto está firmemente estabelecido em leis e regulamentos, como o Decreto 3.048/99 que trata do regulamento da previdência social. A não retirada do pró-labore pode ter implicações fiscais desfavoráveis para os sócios, uma vez que a legislação prevê a contribuição previdenciária sobre essa remuneração. Portanto, a regularidade na retirada do pró-labore não apenas cumpre com obrigações legais, mas também contribui para uma gestão fiscal adequada e evita problemas futuros para os sócios e para a empresa.
Obrigações Fiscais
O pró-labore é uma forma de remuneração sujeita a diversas obrigações fiscais, entre elas o Imposto de Renda na Fonte (IRRF). Esse imposto é retido diretamente do valor do pró-labore, seguindo a tabela progressiva de IR da Receita Federal. A alíquota do IRRF varia de acordo com o valor recebido e deve ser calculada corretamente para evitar problemas fiscais e multas.
Além do IRRF, o pró-labore também está sujeito às contribuições previdenciárias, como o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Para empresas no Simples Nacional, o custo para o sócio é de 11% de INSS e IR descontados do valor bruto do pró-labore, de acordo com a tabela progressiva da Receita Federal. Empresas com atividades enquadradas no Anexo IV do Simples Nacional estão obrigadas ao recolhimento do INSS patronal (20%) através da GPS, junto com os 11% descontados do sócio. Já para empresas do Lucro Presumido, o custo para o sócio também é de 11% de INSS e IR descontados do valor bruto do pró-labore, seguindo a tabela progressiva da Receita Federal. É importante destacar que pró-labores acima de R$ 1.903,98 no ano calendário 2022 possuem desconto de IR na fonte, aumentando o custo mensal.
Todas essas obrigações fiscais devem ser devidamente calculadas e recolhidas dentro dos prazos estabelecidos pela legislação vigente. O não cumprimento dessas obrigações pode acarretar em problemas com a Receita Federal, como autuações, multas e até mesmo processos administrativos ou judiciais. Portanto, é essencial que os sócios ou administradores estejam cientes das obrigações fiscais relacionadas ao pró-labore e mantenham a regularidade no recolhimento dos impostos e contribuições previdenciárias para evitar transtornos e prejuízos financeiros no futuro.
Como é Calculado o Pró-labore
O cálculo do pró-labore é uma etapa crucial para garantir uma remuneração justa aos sócios ou administradores que desempenham funções essenciais na empresa. Esse cálculo envolve diversos fatores que devem ser cuidadosamente considerados:
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Responsabilidades na Empresa: O valor do pró-labore deve refletir as responsabilidades e atividades desempenhadas pelo sócio ou administrador. Quanto maior a complexidade e o impacto das suas funções no funcionamento e crescimento da empresa, maior tende a ser o valor do pró-labore.
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Pesquisa de Mercado: Uma pesquisa de mercado é fundamental para entender o que o mercado paga para profissionais que exercem funções semelhantes àquelas desempenhadas pelo sócio ou administrador na empresa. Isso ajuda a estabelecer um valor justo e alinhado com as práticas do mercado.
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Saúde Financeira da Empresa: O valor do pró-labore deve ser compatível com a saúde financeira da empresa. É importante garantir que o pagamento do pró-labore não comprometa a capacidade financeira da empresa de cumprir outras obrigações e investir em seu crescimento.
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Porcentagem de Aumento: Recomenda-se que o pró-labore seja cerca de 20% a 30% maior do que o salário de um funcionário CLT que desempenhe a mesma função. Essa margem de aumento compensa a ausência de benefícios trabalhistas, como férias remuneradas, 13º salário, FGTS, entre outros, que são garantidos aos funcionários contratados.
É importante ressaltar que o valor do pró-labore não pode ser excessivamente alto em relação à capacidade financeira da empresa, pois isso pode prejudicar sua sustentabilidade financeira. Ao mesmo tempo, um pró-labore muito baixo pode não refletir adequadamente a contribuição do sócio ou administrador para o sucesso do negócio.
Portanto, o cálculo do pró-labore deve ser feito com base em uma análise criteriosa de todos esses fatores, buscando equilibrar a justiça na remuneração com a viabilidade financeira da empresa.
O pró-labore é uma parte essencial da gestão empresarial, garantindo uma remuneração adequada aos sócios ou administradores que contribuem ativamente para o sucesso da empresa. Entender sua obrigatoriedade, cálculo e tributação é fundamental para uma gestão financeira e fiscal eficiente.
Perguntas mais comuns - Remuneração de Sócios
Não há um valor máximo estabelecido por lei para o pró-labore, mas é importante que ele seja compatível com a capacidade financeira da empresa e com as práticas de mercado para evitar problemas fiscais e financeiros.
O pró-labore é uma remuneração mensal paga aos sócios pelo trabalho realizado na empresa, enquanto os dividendos são a distribuição dos lucros aos acionistas de acordo com a participação de cada um no capital social.
Sim, o pró-labore é obrigatório para sócios que desempenham funções administrativas na empresa. Ele está previsto na legislação brasileira e é necessário para o recolhimento de impostos e contribuições previdenciárias.
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